03-11-2022 | 10:20 a 26-10-2022 | 18:13 | Encontro e formação do grupo à entrada da estação de comboios do Cais do Sodré
CASCAIS ROTA DOS ESCRITORES – NO 55.º ANIVERSÁRIO DO DIA INTERNACIONAL DA LITERACIA
A Sociedade Histórica da Independência de Portugal programou um percurso pedestre pela “Real Villa de Cascaes” através de becos e ruas mais recônditas e significativas da vila de Cascais.
11h30 – Jardim Visconde da Luz
Ao iniciar a visita pelo Jardim Visconde da Luz começaremos a seguir os passos de Almeida Garrett, a mais destacada figura do romantismo nacional e pessoa multifacetada: par do reino, ministro, orador e também, é claro, dramaturgo. O grande precursor da literatura de viagens com “Viagens na minha terra” veio encontrar em Cascais descanso e a paz da “solidão” que envolvia o Estoril, à época. Hoje o lugar é um restaurante afamado, quase uma insígnia da vila.
No número 383 da Rua Frederico Arouca residiu o poeta Herberto Hélder. Figura multifacetada foi bibliotecário, tradutor, radialista e jornalista. Era, em vida, uma pessoa reservada e mesmo misteriosa, inimiga das homenagens públicas e das entrevistas; foi em Cascais publicado postumamente “Poemas Canhotos”, o seu derradeiro livro. Com o mar na frente, é fácil imaginar neste passeio as caminhadas crepusculares deste gigante das letras.
Na Rua da Saudade, evocaremos Mircea Eliade, ensaísta e romancista, de origem Romena, que residiu em Portugal durante cinco anos, tempo em que considerou conhecer suficiente bem os seus vizinhos nativos. A Rua da Saudade 13, acolheu-o na sua estadia lusa, prelúdio da parisiense e da americana, uma vez que fora proibido de voltar ao seu país, Roménia, pelo sistema político instaurado após a II Guerra Mundial. Na altura em que morou em Cascais, em 1941, descreveu “uma ruela pitoresca, possuindo um pequeno terraço sobre os rochedos avançando sobre o oceano”.
É surpreendente o breve espaço em que tantos escritores se juntaram em Cascais: escassos 100 metros separam a rua da Saudade, 13 do número 1 da Rua Fernandes Tomás, onde residiram e se encontravam em convívio outros grandes nomes daquele tempo tais como Eça de Queiroz e Maria Amália Vaz de Carvalho, esta última a primeira mulher a ingressar na Academia das Ciências de Lisboa; proprietária da Villa D. Pedro, na margem esquerda da Ribeira, através dos Duques de Palmela e graças à obra “Vida do Duque de Palmela Dom Pedro de Sousa e Holstein”.
Caminhando por mais quatro minutos chega-se à Alameda dos Combatentes da Grande Guerra, antigamente Rua Oriental do Passeio. Esta artéria está ligada a um nome que todos os portugueses conhecem: Fernando Pessoa. Já em 1929 tinha manifestado a vontade de se mudar para a vila, onde passou períodos mais ou menos longos. Provavelmente, foi onde teve o seu secreto e misterioso encontro com Aleister Crowley, famoso mago inglês, que inspiraria uma novela policial.
Com esse esplendoroso mar azul que o visitante enxerga no final da avenida, alimentou “Mensagem”, o seu único livro de poesia publicado em vida.
Continuando pela beira do mar, deixando atrás a Marina e o Farol de Santa Maria, acabaremos o passeio na Av. de Humberto II Rei de Itália. O caminho é mais curto pelo interior, mas muito mais gratificante contra o azul toldado da tarde. Na Casa de São Bernardo podemos descobrir a pegada do derradeiro gigante deste passeio, Eça De Queiroz. A casa era propriedade do Conde de Arnoso, amigo dele, e aqui se reuniam os “Vencidos da Vida”, um grupo ligado à chamada de Geração dos 70.
17h40 – Regresso de comboio à estação do Cais do Sodré
18h13 – Chegada ao Cais do Sodré